domingo, 30 de outubro de 2011

Construindo a linguagem - Parte 1: Os catecismos de Carlos Zéfiro

A maneira como entendemos a pornografia nos dias de hoje faz parte de uma lógica burguesa e religiosa idealizada no processo de construção da sociedade moderna. Embora o desejo, a sensualidade, o erotismo, e até mesmo a representação explícita dos órgãos sexuais possam ser encontradas em todos os tempos e lugares, a pornografia como categoria legal e artística parece ser um conceito tipicamente ocidental, de definições muito particulares. Embora produzida em meados do século XX, a obra de Carlos Zéfiro nos ajuda a entender como na modernidade a pornografia ganha uma outra forma de leitura: como crítica a uma moral instituída. Suas obras se pautavam na prática do sexo sem pudor, sempre em ambientes privados. É por transgredir esta ordem que as obras de Zéfiro passam a ser publicadas e distribuídas de maneira informal, pois o mercado editoras e a sociedade brasileira da época não estavam preparados para uma publicação de caráter erótico-pornográfico com tamanha ousadia. De acordo com Fabiano Brum, Zéfiro foi importante como contraponto à "sexualidade oficial", que respondia a interesses políticos e econômicos. Sua obra era manifestação cultural autêntica. Apontou novas formas de seduzir, novos espaços para amar, práticas "não-saudáveis", enfim, possibilidades além das "regras oficiais" do jogo erótico.


Com vocês, o senhor Carlos Zéfiro.

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