segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Vídeo do Início da Preparação Corporal do elenco


Os atores Cláudia Barbot, Daiane Oliveira, Douglas Carvalho, Fernanda Majorczyk, Jordan Maia e Taylor Mendonça em aula de TANGO ministrada por Eduardo Paz e Cíntia Rosa.

domingo, 30 de outubro de 2011

Preparação Corporal - Tango

O tango é a dança da carne, do desejo, dos corpos entrelaçados. É um diálogo novo, a sedução feita movimento, o ir e vir, o encontro de dois mundos. É um baile exibicionista, esteticamente belo, e ronda sem temores o universo do lúdico. O casal de baile roça seus sapatos entre sensuais carícias enquanto o atônito espectador ocasional, eterno voyer, se fascina e deslumbra com o ardor do tácito romance entre os dançarinos. Originalmente, o tango nasce no final do século XIX de uma mistura de vários ritmos provenientes dos subúrbios de Buenos Aires. Esteve associado desde o princípio com bordéis e cabarés, âmbito de contenção da população imigrante massivamente masculina. Devido a que só as prostitutas aceitariam esse baile, em seus começos era comum que o tango fosse dançado por um casal de homens. Mas o tango não se limitou às zonas baixas ou a seus ambientes próximos. Estendeu-se também aos bairros proletários e passou a ser aceito “nas melhores famílias”, principalmente depois que a dança teve sucesso na Europa. A melodia provinha de flauta, violino e violão, sendo que a flauta foi posteriormente substituída pelo bandoneon. Os imigrantes acrescentaram ainda todo o seu ar nostálgico e melancólico e desse modo o tango foi se desenvolvendo e adquirindo um sabor único. Carlos Gardel foi o inventor do tango-canção. Ressurgiu renovado por Astor Piazzolla, que lhe deu uma nova perspectiva, rompendo com os esquemas do tango clássico. E é o tango o elemento essencial do trabalho de preparação corporal desse espetáculo. Lá em meados de setembro, quando a preparação corporal teve início, nossos atores estavam ainda bem tímidos. Breve - na verdade quando eu me entender com o leitor de vídeo desse pc, postarei uma palhinha de 10 minutos desse intenso trabalho, coordenado pelos professores Eduardo Paz e Cíntia Rosa. O primeiro de vários vídeos reveladores. Aguardem.

Os catecismos de Carlos Zéfiro






Construindo a linguagem - Parte 1: Os catecismos de Carlos Zéfiro

A maneira como entendemos a pornografia nos dias de hoje faz parte de uma lógica burguesa e religiosa idealizada no processo de construção da sociedade moderna. Embora o desejo, a sensualidade, o erotismo, e até mesmo a representação explícita dos órgãos sexuais possam ser encontradas em todos os tempos e lugares, a pornografia como categoria legal e artística parece ser um conceito tipicamente ocidental, de definições muito particulares. Embora produzida em meados do século XX, a obra de Carlos Zéfiro nos ajuda a entender como na modernidade a pornografia ganha uma outra forma de leitura: como crítica a uma moral instituída. Suas obras se pautavam na prática do sexo sem pudor, sempre em ambientes privados. É por transgredir esta ordem que as obras de Zéfiro passam a ser publicadas e distribuídas de maneira informal, pois o mercado editoras e a sociedade brasileira da época não estavam preparados para uma publicação de caráter erótico-pornográfico com tamanha ousadia. De acordo com Fabiano Brum, Zéfiro foi importante como contraponto à "sexualidade oficial", que respondia a interesses políticos e econômicos. Sua obra era manifestação cultural autêntica. Apontou novas formas de seduzir, novos espaços para amar, práticas "não-saudáveis", enfim, possibilidades além das "regras oficiais" do jogo erótico.


Com vocês, o senhor Carlos Zéfiro.

Sensual Normal


Colaboração de Taylor Mendonça

A OFERENDA

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos...
trago-te estas mãos vazias
Que vão tomando a forma do teu seio.

Por Mário Quintana

Colaboração de Cláudia Barbot

Tango

Chorava um bandoneon
Num canto de bar.
Meu vestido vermelho
O cabelo preso numa flor,
E o tango falando de amor,
Contrastavam com a luz neon.
Nossos corpos em uníssono,
Um balë tão sensual...
Movimentos em compasso,
Acompanhavam cada passo
Deste tango figurado,
Como um estranho ritual.
Batia o coração descompassado!
Teus lábios sensuais me enfetiçavam,
Tuas mãos macias brincavam em mim
Como o vento brinca, namorando
As flores de um jardim.
Teus olhos escuros, meio ciganos,
Insinuavam promessas,
Dessas, que misturam
Amor, desejo, paixão e mais, muito mais...
Um perfume no ar
E abraçado ao violino
Solitário bailarino,
O bandoneon a chorar
Um velho tango de amor,
Naquele canto de bar! 

C. Almeida Stella

Colaboração de Douglas Carvalho

"Nunca te foram ao cu,
nem nas perninhas, aposto!
Mas um homem como tu,
lavadinho, todo nu, gosto!

Sem ter pentelho nenhum,
com certeza, não desgosto,
até gosto!
Mas... gosto mais de fedelhos.
Vou-lhes ao cu
dou-lhes conselhos,
enfim... gosto!"

António Boto

E por falar em pornográficos....

.... olha como nossos atores andam inspirados. São colaborações pessoais, retiradas de outros sites, coisinhas que os pornográficos estão capturando por aí.

De Mariana Freitas:

Amor herege

Homem de Deus, largue essa taça e esse pão.
Coma as minhas horas vazias
que em longas tardes recheamos de prazer.

Homem santo, eu me reponsabilizo por nossos atos.
Vamos pecar e depois confessar ao pé do ouvido
que nessa cama nada merece perdão.

Meu bom homem, não tema o fogo nem o abismo,
Pois o melhor abrigo é sempre o calor
e não há perigo algum nas profundezas do um corpo.

Queimaremos todas as cruzes
e escreveremos em todos os livros
que a pior ofensa ao amor é acreditar no sacrifício.





Método científico

Você foi categoricamente, analisado, classificado, catalogado,
dissecado, desmentido, desmascarado um segundo após nosso primeiro beijo.
No segundo beijo todos os meus conceitos já foram por água abaixo.
Em seguida, a cada supiro, a cada arrepio e gemido uma pista, um signo, um ascendente,
e um levantamento histórico das suas últimas transas.
Você me aperta, me alisa, me morde,
e num griro mudo de prazer eu caio em contradição e não entendo mais nada.
Ao final, seu sorriso cansado e suado explica tudo.
Agora que nos conhecemos, me diga, qual é mesmo o seu nome?

O poema que inspirou a peça





Em Face dos Últimos Acontecimentos

Oh! Sejamos pornográficos
(docemente pornográficos).
Por que seremos mais castos
Que o nosso avô português?

Oh! Sejamos navegantes
Bandeirantes e guerreiros
Sejamos tudo que quiserem
Sobretudo pornográficos.

A tarde pode ser triste
E as mulheres podem doer
Como dói um soco no olho
(pornográficos, pornográficos).

Teus amigos estão sorrindo
De tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
Fosse a última resolução.
Não compreendem, coitados,
Que o melhor é ser pornográfico.

Propõe isso a teu vizinho,
Ao condutor do teu bonde,
A todas as criaturas
Que são inúteis e existem,
Propõe ao homem de óculos
E à mulher da trouxa de roupa.
Dize a todos: Meus irmãos,
Não quereis ser pornográficos?

Carlos Drummond de Andrade


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Os novos personagens desse trabalho

Enquanto a foto oficial não sai, uma amostra grátis dos atores envolvidos nesse trabalho. Em alguns casos, por falta de tempo pelo excesso de trabalho, faltou aquela foto bonita de book. Mas o que vale é a intenção.

Cláudia Barbot

Daiane Oliveira

Douglas Carvalho

Fernanda Majorczyk

Jordan Maia

Taylôr Mendonça

Dramaturgos, romancistas e poetas necessários

Carlos Drummond de Andrade

D. H. Lawrence

Choderlos de Laclos

Heiner Müller

Nelson Rodrigues

Caio Fernando Abreu

Fernando Pessoa

Diversidade - Algumas imagens que me inspiram na construção do espetáculo

José Wilker e Rubens Côrrea em 'O Arquiteto e o Imperador da Assíria', de Arrabal.

As Três Graças – 1639, um dos últimos trabalhos de Peter Paul Rubens (1577-1640)
Dionisíaca - sem informação



Alma por intiero por Paulo César.


Guilherme Leme e Beth Goulart em montagem paulista de Quartett

Lucien Freud

Lucien Freud

Foto de Annie Leibovitz para a Vanity Fair.

Douglas Carvalho e Daiane Oliveira em montagem de Quartett - do dramaturgo alemão Heiner Müller, pelo DAD/UFRGS em 2009.
Life can be strange por Paulo César.



Lucien Freud

Docemente Pornográficos - Versão Definitiva

Pois é. O tempo passa. E cada um de nós aprende mais. Seja com os acertos ou com os erros. Cada experiência de vida aprimora o indivíduo. A cada passo dado, avançamos mais e mais no caminho do conhecimento. Cada nova etapa deve ser vista e sentida com intensidade, para que tudo possa vir a somar. Pessoas, assim como as informações, entram e saem de nossas vidas com muita facilidade. Mas os amigos - os que realmente importam - e o conhecimento, esses ficam, enraizados eternamente na nossa história. 
Com esse discurso beirando a caretice, retomo ao exercício da digitação para falar do 'Docemente Pornográficos'. Em sua versão definitiva, o mais novo espetáculo da Gato&Sapato estreia em janeiro de 2012 para celebrar. Celebrar os seis anos de intensa atividade teatral do grupo, somados aí o período de dois anos de exercício comunitário em Mostardas/RS e os quatro anos de atividade profissional em Porto Alegre. A partir de agora, seguimos em frente aqui no Blog para contar o dia a dia desse novo espetáculo de velho nome do grupo, também Estágio de Encenação I de Leandro Ribeiro, Estágio de Atuação II de Fernanda Majorczyk e Trabalho de Conclusão de Curso em Licenciatura em Teatro de Douglas Carvalho. Evoé pra nós. 

Clippings




O cartaz da montagem realizada para o Teatro Aberto/2010

Terceira parada: abril de 2010

A Cia. de Teatro Gato&Sapato apresentou, abrindo o projeto Teatro Aberto da Prefeitura de Porto Alegre em 2010, a terceira fase de experimentações de uma pesquisa desenvolvida desde 2009.  Ao completar um ano, o objeto da pesquisa é descobrir o que move o desejo sexual de cada pessoa. No entanto, a preocupação constante estava em revelar o erótico, sem cair na vulgaridade, talvez o caminho mais fácil e recorrente (e talvez até esperado) ao tratar desse tema. Encontramos em Nelson Rodrigues as histórias que se encaixavam na proposta. A partir dos contos O Sacrilégio, Uma Senhora Honesta, Casal de Três e O Monstro, extraídos da obra A Vida Como Ela É, o eixo central das histórias é a busca pelo desejo. Docemente Pornográficos conta histórias de pessoas que seduzem e se deixam seduzir, sem preocupações com regras e ditames impostos. Toda pessoa é sedutora. Cada indivíduo exerce sua sensualidade à sua maneira. Os personagens desse espetáculo são representações de pessoas comuns da sociedade contemporânea, todos movidos pelo desejo, mostrando que a sedução não possui idade, nem forma física ideais. Ela simplesmente é. Simplesmente acontece. Com qualquer um de nós. Inclusive com você.

Ficha Técnica:
Direção: Leandro Ribeiro
Elenco: Ariane Mendes, Carolina Ramos, Douglas Carvalho, Mariana Hörlle, Márjori Moreira, Ricardo Santanna e Vinícius Mello.
Dramaturgia: o grupo, inspirado em textos de Bertolt Brecht, Nelson Rodrigues e Carlos Drummond de Andrade






Segunda parada: dezembro de 2009

Ainda no Departamento de Arte Dramática da UFRGS, ocorre a possibilidade de retomar/iniciar a pesquisa de 'Docemente Pornográficos'. Com a orientação do professor e diretor teatral Humberto Vieira para a disciplina de Dramaturgia do Encenador, retomo o tema da intensidade das relações. Agora, o experimento analisa o quão sedutora uma pessoa pode ser. Apesar da mídia ditar um padrão estético para definir a plenitude da sensualidade e do desejo, o que se propõe é contar estórias de pessoas que fogem dos padrões de beleza impostos por uma cultura globalizada e vibrante, que seduzem e se deixam seduzir de maneira plena, sem preocupações com regras e ditames impostos. Tendo como base o texto "Baal" de Brecht, o foco está no quanto cada um tem de sensual dentro de si. Não é só a figura de Baal que exala sexualidade. Na verdade, há uma troca. Baal precisa de corpo, de sexo. É o combustível que o mantém vivo. As personagens dessa montagem são carentes de afeto e de desejo. São reprimidas. Moralmente, fisicamente. E ao se  envolverem com Baal, se sentem plenas, realizadas. Baal não tem freios morais ou estéticos. Baal seduz pelo prazer de seduzir. Não está condicionado a um padrão. Ele simplesmente está ali. Pleno de desejo, pronto a estimular em cada personagem o que cada uma delas tem de melhor. 



         Partindo dessa idéia, busquei inspiração em elementos utilizados na performance anterior, fato que trouxe a essa montagem os poemas eróticos de Carlos Drummond de Andrade. Antes recitado por todas as personagens, agora eles servem de ilustração para o desenrolar da vida de Baal, para impulsionar as ações que desencadearão a trajetória da personagem. Agradecendo a participação e o empenho de Carolina Ramos, Cesar Campos, Douglas Carvalho, Márjori Moreira, Ricardo Santanna e Tati Garrido.

Ponto de partida - Março de 2009







De maneira tímida, o espetáculo nasceu em março de 2009 como uma performance para recepcionar os calouros do curso de Teatro da UFRGS. Apresentado no MEME, reuniu sete atores que, juntos com o diretor Leandro Ribeiro, criaram uma intervenção erótica tendo como base cênica o poema "Quadrilha" de Carlos Drummond de Andrade. A partir desse ponto de apoio, embalados por canções de Astor Piazzola e tendo os poemas eróticos do livro 'O Amor Natural' - também de Drummond - como fio condutores da narrativa, a intensidade das relações amorosas era o tema principal do espetáculo. Foram 10 minutos muito intensos para quem compartilhou conosco aquela noite. Evoé. Agradecimentos a Anildo Michelotto, Ariane Mendes, Douglas Carvalho, Kelly Gil, Mariana Freitas, Miguel Sisto e Ricardo Santanna pela dedicação em fazer a empreitada ser um sucesso e ao querido Patrick Peres na operação de luz pela intensa participação no início de tudo.